segunda-feira, 13 de março de 2023

Balanço, brinquedo barato,
Sonho quebrado, medo da vida.
Pairando sem destreza,
A corda que me segura
É a mesma que me enforca.
Com força e certeza.

Balanço, brinquedo barato,
Vai e vem com frio na barriga
Pairando sem destreza,
Sonho despedaçado, medo da vida.
A corda que me segura
É a mesma que me enforca.

Meu Sonho

Tenho sonhado com vilões
Os seus moldes e seus gestos
As suas formas de atuar,
Os monstros da realidade.
Acordo trêmula!
Fria e medrosa.
Todos os dias antes de dormir
Penso no meu dia, nos seus números,
Penso na falácia dos arredores,
Penso na fraqueza e nos pormenores,
E o meu medo de ter medo
De dormir e pairar na imensidão
Da minha palpável imaginação.

Tenho sonhado com vilões
Os seus moldes e seus gestos
As suas formas de atuar,
Monstros da realidade.
Acordo trêmula, fria e medrosa!
Todos os dias antes de dormir
Penso no meu dia, nos seus números,
Penso na falácia dos arredores,
Penso na fraqueza e nos pormenores,
E o meu medo de ter medo
De dormir e pairar na imensidão
Da minha angustiante imaginação.

Magnífica

Magnífica covardia do excesso
Tão determinada em fases
Até adequada em certas frases
Sujeita à mortificação no fosso.

Submergir esqueletos de palavras
Com a boca faminta de vileza
Em uma exaustão de nobreza.
Idealiza-te aos frangalhos que te deflagras!

Ante qualquer espartilho desabotoado
Ou migalha de pão amanhecido
Colocas-te de bruços no chão umedecido
Sem anseio de respeito, ego estilhaçado!

Magnífica covardia do excesso
Prendes-te ao luxo de agir
E age em ti sem imergir
Na tua porta,é assim, expresso.

Impalpável

Acho que sei
Sinto que sim.
Pelos círculos da minha imaginação
Danço como se não tivesse freios.
Como se a obsessão que sinto fosse certa.
Sou perversa em meus pensamentos,
Pois o fantasma que me perturba
Ora me prende numa sensação nostálgica
Ora acaricia-me como um lobo faminto.
Toma-me quase que por inteiro.
Porque está muito longe de ser real
Porque é demasiado medroso para dar o bote.
É um lobo-fantasma-inerte.
Sei que estou de passagem,
Passageira que seja deixa saudades.
A saudade não é boa ou ruim
É sofrida com clamor
De quem não sabe se vai ou fica.

Não temo à hora e nem a dor.
Nem que seja repentina e traiçoeira.
Que tenha cortes e sangue.
Que seja assustador ou que acabe como poeira.

Que eu sinta, que seja quente.
Que numa tontura eu não me perca para vê-la.

Só temo que seja absoluta.
Que a morte seja de corpo e de alma.
Que tome a saudade,
Não deixando incertezas pra quem fica.


(Ou que acabe a saudade
Quando ainda o corpo exista.)
Silêncio infinito de significados.
Dito em entrelinhas dissolvidas
Nos subúrbios das cidades.
Ideias fixas no submundo da alma
Custam sair.

Se eu não usasse o silêncio
Sabe lá o que eu usaria.

Em mim, ausente

O que não dói em mim é que sinto falta,
A vida não vivida.
Torno-me mecânica quando acordo,
Durmo e desejo não acordar.
Esqueço de quem sou,
Meus gostos, desconheço meus gestos.

Só o espelho que não falha.
Vejo-me a cada trago,
Como a fumaça que evapora
Opaca, até ser invisível.

O que não dói em mim é que sinto falta,
A vida não vivida.
Torno-me mecânica quando acordo,
Durmo e desejo não acordar.
Esqueço de quem sou,
Meus gostos, desconheço meus gestos.

No espelho
Desapareço a cada trago,
Como a fumaça que evapora
Opaca, até ser invisível.