quinta-feira, 30 de junho de 2011

Desejo de morrer

(...)
Eu deixo a vida como deixo o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; 

(...)
Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida. 

(...)
Álvares de Azevedo

Com a visão perturbada
Percebi um vulto negro
Cruzando a estrada
Roubou-me a vida que eu não mais tinha
Levou embora a memória e a consciência.
Deixou-me nua, com os braços vermelhos.
Sorriu para mim, impiedosa,
Deixando existir apenas o meu passado.