terça-feira, 11 de outubro de 2011

Psicopata

A personalidade é travestida,
                                             flexível
                                         vulnerável
Guiada pela vontade de si
A própria indiferença como poder,
Poderio do instinto,
Ora sádica, ora masoquista.
Sempre egoísta.

domingo, 17 de julho de 2011

Lamas do futuro

Queria ver meu futuro branco
Como uma tela
Pronta para ser pintada.

Eu o vejo negro
Com sangue frio escorrendo
Numa poça imensa de desespero.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eu perdi o meu medo da chuva

A chuva parecia garoa
Agora chove aluvião.
Eu nem a via
Achava que tanto chovia
E menos vivia, receava pneumonia!

Depois de tanto tempo temendo a aguaria
Sou pneumática, bronquítica, hipocondríaca...
Pelo menos me arrisco até sem guarda-chuva.

    (de um outro EU, distante.)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Desejo de morrer

(...)
Eu deixo a vida como deixo o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; 

(...)
Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida. 

(...)
Álvares de Azevedo

Com a visão perturbada
Percebi um vulto negro
Cruzando a estrada
Roubou-me a vida que eu não mais tinha
Levou embora a memória e a consciência.
Deixou-me nua, com os braços vermelhos.
Sorriu para mim, impiedosa,
Deixando existir apenas o meu passado.

domingo, 29 de maio de 2011

Estilhaço-me dentro de mim.
Torno-me íngreme, ao sentido de minha fraqueza
O amor - ridículo da existência.
Em seqüencias medidas de despeito
Envolve-me em devaneios sórdidos
Guardados na consciência maciça de desgosto
Nitidamente desiludida e abstrata.
Sonhava em ter o que tenho com mais força!
Desesperançosa sensação sem fim.
Diz que pode, depois me morde pelas costas.
Acanha minha alma com sofrimento e desilusão
Dissimula a olho nu mostrando-me a graça lá de fora.
Diz que não, mas está sempre se pondo, indo embora.
Desnorteio-me em fração de segundos
Sou um paradigma de metamorfose
Agindo instintivamente diversa de si mesma.

Queria ser uma ostra. Solitária.
Hospedar-me-ia nos mares isolados
Do teu pensamento.
Assombrar-te-ia a alma.
Fechar-me-ia de ti.
Tu procurar-me-ia
Faria como hoje, despedaçar-me-ia
Para deliciar-te de mim.
Porque tu sim, tu só sabes o que guardo.
Sabes meu gosto!


Conflitos Paralelos

Mundo de conflitos paralelos,
Afundo-me na estranheza.
Sem muleta nem tropeço,
Sem assunto, não converso.
Desconheço o avesso de quem conheço.
Ancoro-me na companhia
Minha eternamente vazia.

As coisas que vejo
Desolam meu peito...
Porque não te guardas?
Deixa as imperfeições
Para mais tarde,
Para nunca mais.
Detesto o passado
Mais que perfeito
Que tiveras.
Eu que não tive!

De presente uma poesia bastaria
Uma música que seja, uma prosa,
Mas que seja para mim,
Ou para outro amargurado qualquer.
De morrer, de saudade ou de solidão,
Uma arte que me acompanhe, que de instante seja minha.

Fernando, Augusto, Álvarez... Todos me agradam
Mesmo que eu os sinta tão longe, como outros amores,
Se fossem só amores, mas são contemplação e inferno.
A lembrança que me destrói. Quisera eu não ter vivido tudo!
E ter vivido menos, o tamanho da vida a distância da estrada.

Um alívio como chuva para o Cerrado.
O que eu espero, é a necessidade de um bioma inteiro.
Tenho um aglomerado de células nervosas enfastiadas
Procurando ouvir filosofias de contra cultura,
Melancolias de botequim, arrependimentos de ressaca.
Espero suprir-me pelo desassossego, que era antes meu sossego.

Anseio meus delírios a ensaiá-los nas pessoas,
Empobrecendo minha realidade com morbidez
Que são todas as utopias e todas as coisas delas.
As idealizações perpétuas são parasitas do encéfalo
E toda paixão é platônica e narcisista.

O movimento dos corpos, a inércia.
As grandes cidades as pessoas, a inércia.
A vontade, a saudade, a preguiça e a inércia.

Hoje sinto saudades do que tenho e do que não tenho
Vivo num paradoxo entre as lembranças e o esquecimento.

Queira sentir em teus lábios
Minha languidez.
Tão pálidos lábios
De mim longínquos.
Desatentos lábios afastados
Afastando-se dasatentamente.

Sentia-me bem por outras estâncias da vida.
Nos paradeiros seguros da minha paixão
Braços leves e pesados supriram-me diante a cova.
A estes agradeço.
E não são os mesmos dos dias de sangue
Os que me amamentaram
Egoístas braços, fortes e sadios braços.
Deram-me as carícias necessárias
Na hora do choro ensinaram-me a nutrir-me
Movimentaram os meus músculos
Fizeram-me andar e excretar na hora certa.
Conheceram cada célula exposta de meu corpo
E hoje, simplesmente, me desconhecem.

Já não uso mais laços nem nos calçados.
Não calço mais nenhuma obrigação.

A cada momento que me pego a sós com minha alma
É como se estivesse restringindo a data de minha morte.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fome

Bacalhau, Fernando à milanesa
Tempero, à moda Portuguesa.
Poesia, teoria
Antropologia, antropofagia!

Vou comer teu cérebro
Devorar-te
É o que mais quero!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Diz que eu sou
A dona do teu coração,
Depois guarda pra mim
Um beijinho com carinho
Pra passar esse calor
Agonia, tristeza infinda
Encosta em mim,
Recomeça do fim
Da carne ou mais
Da minha alma sofrida
Pálida, convencida
De que sabe te amar.

Feriado de carnaval,
Minha casa, talvez
Não saiba o caminho.
Mas não ande sozinho,
Não vá se perder.

Só lembra que sim,
Pra ti só digo sim,
E vou te esperar
Até quando puder chegar.