domingo, 29 de maio de 2011

Estilhaço-me dentro de mim.
Torno-me íngreme, ao sentido de minha fraqueza
O amor - ridículo da existência.
Em seqüencias medidas de despeito
Envolve-me em devaneios sórdidos
Guardados na consciência maciça de desgosto
Nitidamente desiludida e abstrata.
Sonhava em ter o que tenho com mais força!
Desesperançosa sensação sem fim.
Diz que pode, depois me morde pelas costas.
Acanha minha alma com sofrimento e desilusão
Dissimula a olho nu mostrando-me a graça lá de fora.
Diz que não, mas está sempre se pondo, indo embora.
Desnorteio-me em fração de segundos
Sou um paradigma de metamorfose
Agindo instintivamente diversa de si mesma.

Queria ser uma ostra. Solitária.
Hospedar-me-ia nos mares isolados
Do teu pensamento.
Assombrar-te-ia a alma.
Fechar-me-ia de ti.
Tu procurar-me-ia
Faria como hoje, despedaçar-me-ia
Para deliciar-te de mim.
Porque tu sim, tu só sabes o que guardo.
Sabes meu gosto!


Conflitos Paralelos

Mundo de conflitos paralelos,
Afundo-me na estranheza.
Sem muleta nem tropeço,
Sem assunto, não converso.
Desconheço o avesso de quem conheço.
Ancoro-me na companhia
Minha eternamente vazia.

As coisas que vejo
Desolam meu peito...
Porque não te guardas?
Deixa as imperfeições
Para mais tarde,
Para nunca mais.
Detesto o passado
Mais que perfeito
Que tiveras.
Eu que não tive!

De presente uma poesia bastaria
Uma música que seja, uma prosa,
Mas que seja para mim,
Ou para outro amargurado qualquer.
De morrer, de saudade ou de solidão,
Uma arte que me acompanhe, que de instante seja minha.

Fernando, Augusto, Álvarez... Todos me agradam
Mesmo que eu os sinta tão longe, como outros amores,
Se fossem só amores, mas são contemplação e inferno.
A lembrança que me destrói. Quisera eu não ter vivido tudo!
E ter vivido menos, o tamanho da vida a distância da estrada.

Um alívio como chuva para o Cerrado.
O que eu espero, é a necessidade de um bioma inteiro.
Tenho um aglomerado de células nervosas enfastiadas
Procurando ouvir filosofias de contra cultura,
Melancolias de botequim, arrependimentos de ressaca.
Espero suprir-me pelo desassossego, que era antes meu sossego.

Anseio meus delírios a ensaiá-los nas pessoas,
Empobrecendo minha realidade com morbidez
Que são todas as utopias e todas as coisas delas.
As idealizações perpétuas são parasitas do encéfalo
E toda paixão é platônica e narcisista.

O movimento dos corpos, a inércia.
As grandes cidades as pessoas, a inércia.
A vontade, a saudade, a preguiça e a inércia.

Hoje sinto saudades do que tenho e do que não tenho
Vivo num paradoxo entre as lembranças e o esquecimento.

Queira sentir em teus lábios
Minha languidez.
Tão pálidos lábios
De mim longínquos.
Desatentos lábios afastados
Afastando-se dasatentamente.

Sentia-me bem por outras estâncias da vida.
Nos paradeiros seguros da minha paixão
Braços leves e pesados supriram-me diante a cova.
A estes agradeço.
E não são os mesmos dos dias de sangue
Os que me amamentaram
Egoístas braços, fortes e sadios braços.
Deram-me as carícias necessárias
Na hora do choro ensinaram-me a nutrir-me
Movimentaram os meus músculos
Fizeram-me andar e excretar na hora certa.
Conheceram cada célula exposta de meu corpo
E hoje, simplesmente, me desconhecem.

Já não uso mais laços nem nos calçados.
Não calço mais nenhuma obrigação.

A cada momento que me pego a sós com minha alma
É como se estivesse restringindo a data de minha morte.